Explicação

Quem somos: escritores, fotógrafos e ilustradores que fazem postais. 
E depois? Enviamos esses postais para pessoas que residem em lares ou residências de idosos.

Quem aceita os nossos postais

- AMITEI (Leiria)
- Casa da Poesia – Centro Social São Nuno de Santa Maria (Cernache de Bonjardim)
- Casa Nossa Senhora da Vitória (Lisboa)
- Centro de Apoio Social da Carregueira (Chamusca)
- Centro de Repouso e Lazer Fonte Serrã (Póvoa de Santarém)
- Centro Social e Paroquial de Moledo
- Centro Social e Paroquial S. Tiago de Mairos (Chaves)
- Fundação Arca da Aliança | Aldeia Intergeracional (Fátima)
- Fundação CESDA (Aveiro)
- Lar de Santa Rita – Santa Casa da Misericórdia de Caminha
. Lar de Idosos da Santa Casa da Misericórdia das Lajes (Ilha das Flores)
- Lar Nossa Senhora da Encarnação (Leiria)
- Lar S. Tiago (Viana do Castelo)
- Primavida (Amor)
- Residencial Sénior Estrela Confiante (Estarreja)
- Santa Casa da Misericórdia da Bismula (Sabugal)
- Santa Casa da Misericórdia Fátima – Ourém
- Solar das Camélias (Albergaria a Velha)

Nova entrega



Do percurso e das apresentações 

No caminho que percorri até à Fundação CESDA (Centro Social do Distrito de Aveiro) para uma entrega de vários sorrisos postais, fui pensando na forma como seria recebida... a expectativa e a ansiedade seguiam comigo. A chuva forte dificultava a viagem e abandonei ambas, temporariamente.
Chegada à Fundação e depois das devidas apresentações, foi tempo de conversa sobre o projecto e o seu objectivo, a participação e contribuição de todos os que dele fazem parte, os postais... um pouco de tudo, um muito de nada e o tanto que poderá ser feito com este projecto em crescimento, sendo que cada entrega é uma vivência diferente e um retorno a um passado recente: a entrega de um postal ilustrado e escrito, com a emoção de que quem o recebe.
Saliento que a receptividade desta partilha, aquando dos primeiros contactos, foi logo acarinhada pela Dr.ª Liliana Brandão e pela dr.ª Francisca Rocha. O entusiasmo foi evidente.
Considerando a dificuldade na entrega personalizada dos postais destinados aos utentes na valência do apoio domiciliário, a coordenação da tarefa ficou a cargo da dr.ª Francisca, que entretanto fará chegar os postais a cada um dos utentes. A animadora social, Luciana Ferreira, também inserida na conversa dado que faria o acompanhamento da minha visita, respondeu à proposta com um enorme sorriso.


Da entrega e dos olhares

A interrupção da aula de ginástica com a nossa entrada, fez erguer algumas sobrancelhas em sinal de dúvida, ou seria desagrado por uma quebra na rotina, ou então seria mesmo pela a expectativa de algo diferente?
A Luciana, elevando um pouco mais a sua voz, explicou aos idosos qual era a razão da minha presença na sala de convívio. Entre sorrisos tímidos e outros mais expressivos, a distribuição aleatória dos postais foi realizada recorrendo à chamada individual de cada um dos utentes, cujo nome estava inscrito no verso do postal. Com mais ou menos dificuldade, os olhinhos brilhantes foram observando, atentos, a fotografia ou a ilustração que tinham à sua frente. Quanto ao texto correspondente foi lido de forma intercalada, ora por eles, ora por nós, conforme a necessidade.
Houve quem perguntasse se era necessário pagar alguma coisa. Pagar? A minha resposta foi no sentido de que este gesto correspondia a um pequeno mimo, a um agrado que um grupo de amigos decidira fazer. A pergunta tão simples levou-me a um pensamento silencioso. A inesperada oferta, a troco de nada, causava-lhes estranheza. Por mais algum período ficamos na sala, contudo faltava completar a entrega aos restantes utentes que se encontravam recolhidos nos quartos, fosse por vontade própria ou por impossibilidade física de deslocação. Com sorrisos, palavras meigas e alguns silêncios de olhares mais apagados, a distribuição dos postais ficou concluída.


Do que vi, da partilha e do que somos

A permanência por mais algum tempo na fundação e a conversa com a Luciana, possibilitou a observação e o entendimento de quão difícil é gerir este espaço, criando todas as possibilidades de bem-estar, de cuidados e de afectos, no sentido de transformar a velhice daqueles que tanto deram à vida em período de aconchego e partilha.
Antes da visita e tendo consultado em determinada altura o site da fundação, encontrei a seguinte citação, sem um autor definido: "Para o ignorante, a velhice é o inverno da vida; para o sábio, é a época da colheita.". Na verdade nada poderia ser tão certo quanto isto e considerando a vivência deste dia. Estive perante pessoas que tiveram uma vida activa, com histórias de vida marcadas por momentos tão diferentes, tão intensos, tão peculiares e que agora se encerram em silêncios, em recordações, em esquecimento... Hoje, no simples estender de uma mão, por vezes ancilosada e tolhida, para receberem um postal, a afectividade transmitida foi inigualável, indescritível e em toda a sua medida, humana. 
Nas salas, nos corredores, nos quartos, cruzei-me com afectos, gestos de ternura, dedicação, rostos vincados, olhares vivos, outros apagados, na valorização do que é simples, do que aconchega, do que se partilha.
Somos efémeros, inegáveis efémeros e a vida que temos é tão precária, tão periclitante, feita de um sopro... o tempo passa por nós e fingimos não o ver. Olhamos para o lado e assobiamos. Não aproveitamos as janelas que aparecem. E depois da infinidade de possibilidades, quando a realização é de todo irreversível, resta-nos olhar para o que ficou perdido no tempo e nós nele.
Dos momentos que me foram proporcionados, quer na dimensão dos afectos, na partilha efectiva de emoções, quer na aprendizagem obtida, reforço, mais uma vez,o valor de uma palavra: GRATIDÃO.
Obrigada à Fundação CESDA (utentes, técnicos, auxiliares, voluntários, todos sem excepção), ao Paulo Kellerman, imparável dinamizador e gestor do projecto e ao grupo de amigos que forma o que somos: um enorme abraço em forma de Sorriso Postal.

Cristina Vicente

Quarta tiragem


Quarta tiragem com o apoio de Copiola.

A entrega



Quando aceitei a ideia do "Sorriso Postal" lançada no início do mês de Novembro, não imaginava sequer a reviravolta que a minha vida iria sofrer nos dias subsequentes. Poderia ter abandonado a palavra e o compromisso assumidos que, estou quase certa, ninguém iria levar a mal, dada a concentração que seria necessária para eu poder tratar da "reviravolta" que me atingira: uma filha a lutar pela vida.
No entanto não foi isso que fiz e entre os corredores de um hospital, fui mantendo o equilíbrio e a sanidade através da minha contribuição afecta às limitações que tinha: ali escolhi a foto, escrevi o texto do meu primeiro postal e consegui uma instituição que aceitasse os "nossos" postais. A ideia sonhada e apresentada pelo Paulo Kellerman estava bem presente e começava a ganhar contornos de magia indescritível.
O regresso a casa tardava, o que só veio a suceder nas vésperas do Natal, transformando-se assim no melhor dos presentes.
Com a vida a ser retomada aos poucos, o projecto dos postais mantinha-se vivo e, de repente, numa manhã de Dezembro, os postais materializam-se na minha caixa de correio. Um enorme sorriso de alegria pairava no meu rosto. Contactei a Dr.ª Liliana Araújo do "Solar da Camélias", em Telhadela, Albergaria-a-Velha (distrito de Aveiro), para acertarmos a melhor forma de entregar tantos sorrisos. Agendado que ficou o dia, faltava escrever os postais. Espalhados na mesa e virados ao contrário sem ver a foto, fui escolhendo aleatoriamente um postal, fazendo-o corresponder a um dos nomes que tinha na lista que fora disponibilizada. Concluída a tarefa, juntei-os e atei-os com uma fita vermelha. Estavam prontos, restava esperar pelo dia.
Na passada quarta-feira, apresentei-me nas instalações da instituição, onde fui recebida de braços abertos e depois das apresentações, numa mistura de mim entre o medo, a hesitação e a ansiedade, fui encaminhada para a sala das actividades onde os idosos aguardavam por uma surpresa que lhes tinha sido comunicada. Deparei-me com muitos pares de olhinhos brilhantes, curiosos pela novidade de algo diferente. Já ali começava a emoção de uma experiência arrepiante.
Apresentei-me, falei um pouco do projecto e neste enquadramento, com o apoio da animadora Rita, sabendo que havia algumas ausências devido a consultas e a indisponibilidade física, iniciei a chamada para a entrega em mão de cada um dos postais à pessoa correspondente. A animadora pedia-lhes a descrição do que viam e depois lia em voz alta o texto para todos os presentes, já que as dificuldades visuais de alguns idosos impediam que fossem os próprios a fazê-lo. O entusiasmo de alguns era notório porque as suas capacidades assim o permitiam: falavam, contavam coisas, declamavam poemas, manifestavam-se sobre o seu postal. Outros mais emocionais, falavam com o olhar e assisti a olhares sorridentes e brilhantes.
Sabendo que a escolha dos postais foi aleatória e ver posteriormente que algo contido neles correspondia a um pormenor da sua vida, mesmo que muito doloroso, deixou-me emocionalmente sensibilizada. A voz tremeu-me de comoção em determinados momentos e mais ainda quando chamo por um nome e dizem-me que já não está. Uma idosa que entretanto falecera. O impacto foi grande e esse instante só demonstrou quão frágeis somos e como a vida é veloz a passar por nós. Seja um adulto, seja um jovem, um idoso ou uma criança. Todos os momentos devem ser válidos para a demonstração de afectos, de forma livre e sem esperar contrapartidas, porque um instante deixa de sê-lo logo a seguir. E a oportunidade passou.
Em jeito de conclusão, o dia foi preenchido com uma experiência feita turbilhão emocional e culminou com uma demonstração de carinho por parte dos representantes da instituição e dos seus utentes, porque para além do bem receber, o mimo com um coração carregadinho de afectos foi um momento muito belo.
Reitero a generosidade dinamizante e sem exigências do Paulo Kellerman, bem como a amizade e a partilha deste grupo que contribui com simplicidade e imenso carinho para este projecto tão especial, que emociona pelo destino do sorriso postal e pelo efeito que tem em quem o recebe. Dar um sorriso postal e receber um imenso sorriso.

Cristina Vicente

Portefólio


Terceira tiragem


Segunda tiragem


Primeira tiragem


# 26 Selma Preciosa | Elsa Margarida Rodrigues


# 25 Maraia | Paulo Kellerman


# 24 Mónia Camacho | Andreia Azevedo Moreira


# 23 Ana Pinheiro | Mónia Camacho


# 22 Elsa Margarida Rodrigues


# 21 Maraia | Ana Gilbert


# 20 Teresa Marques dos Santos | Andreia Azevedo Moreira


# 19 Ana Gilbert | Catarina Vale


# 18 Teresa Bret Afonso


# 17 Teresa Maria dos Santos | Ricardo Crispim



# 16 Teresa Bret Afonso | Patrícia Martins


# 15 Sandrine Cordeiro | Elsa Margarida Rodrigues


# 14 Renata Barbosa


# 13 Sílvia Bernardino | Catarina Vale


# 12 Peter A. Gilbert | Patrícia Martins


# 11 Mónia Camacho


# 10 Maria João Faísca


# 09 Maria João Dias | Catarina Vale


# 08 Maraia | Paulo Kellerman